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O tema de papeis pre-definidos pelo género, responsabilidade partilhada, condução partilhada e do feminismo no forró tem ganho popularidade nos últimos anos, acompanhando a onda de feminismo que se tem (felizmente) espalhado em todas as áreas da nossa sociedade e estruturas organizacionais.
Vemos cada vez mais mulheres a conduzir na dança, mas ainda estamos para ver mulheres cujo papel principal (e inicial) é o de condutor e vice-versa.
Porquê?
Isto apresenta um problema?
Será que é apenas a ordem “natural” das coisas com a qual não devemos interferir?
Há muitas opiniões diferentes sobre este tópico e mesmo enquanto tentava escrever este post, achei difícil definir concretamente os pontos em que acredito e acho relevantes. O que tenho 100% a certeza é que estes tópicos têm que ser discutidos. Assumir que a maneira como as coisas sempre foram é a correcta nunca nos levou muito longe.
Por isso, vamos lá tentar!
Vamos começar por uma pergunta muito importante: Todos nós amamos o forró, certo? Então, porquê mudá-lo?
Homens e mulheres são intrinsecamente diferentes, nós pensamos de forma diferente, agimos e sentimos de forma diferente. Encorajar mais homens/mulheres nos papeis “opostos” trará inevitavelmente as condições ideais para mais experimentação e evolução da dança. Precisaríamos, com certeza, de bastante tempo até esta atitude se generalizar – um mundo em que a dança não implique papéis pre-definidos. Isto causará uma grande confusão no início? SIM! Valerá a pena? SUPER SIM!
– Os homens são mais altos
é verdade que é mais fácil conduzir uma pessoa mais baixa, mas, então seria a altura o critério para decidir quem conduz e quem segue? Uma boa parte dos melhores condutores europeus seriam rapidamente excluídos do seu papel. O objetivo de um bom condutor/conduzido é adaptar-se ao corpo do outro.
– Os homens são mais fortes
o forró, no geral, não é uma dança acrobática, excluindo alguns raros aéreos. Um bom par consegue encontrar um equilíbrio de contacto, presença e dinâmicas onde não há necessidade de utilizar força física, zero, jamais – isto deveria ser ensinado em todas as aulas (tanto o lado dos condutores, de desenharem e não forçarem, como o dos conduzidos, de tomarem responsabilidade pelo seu próprio movimento)
– Uma pessoa tem que se especializar num papel
isto tem um lado de verdade, nem toda a gente tem todo o tempo do mundo para se dedicar a aperfeiçoar a sua dança favorita, mas, mesmo assim, porque não especializar-se no papel “oposto”?
– As mulheres aprendem a conduzir por necessidade
existe esta linha de pensamento bastante perigosa de “os homens aprenderem a seguir para desenvolverem a sua dança” enquanto que “as mulheres aprendem a conduzir porque não há condutores suficientes” – embora essa possa ter sido a razão para algumas mulheres terem começado a conduzir, isto não representa a maioria e reduz as mulheres a não serem capazes de mostrar interesse em todas as partes da dança (tal como os homens)
– É natural os homens preferirem conduzir e as mulheres a seguir
agora é que as coisas ficam interessantes. Podemos desenvolver uma dissertação de 20 páginas sobre o que é natural versus o que é cultural/aprendido/imposto/esperado, mas acho que o único argumento que interessa aqui é: para os que realmente preferem o seu papel “natural”, devem poder fazê-lo, e para os outros que prefeririam começar e dedicar-se somente ao “anti-natural” deveriam poder também fazê-lo, com facilidade e sem julgamento
E é a esta conclusão que acabo sempre por chegar, dando as voltas que der, questionando e revendo as minhas opiniões:
Uma pessoa deveria poder escolher desde o início o papel que quer fazer – sem ter uma pequena vozinha que diz “és homem? então é melhor conduzir! Vais ser considerado fraco ou menos atraente para as mulheres se seguires”, “és mulher? então é melhor seguires, confia! vais preferir relaxar e deixares-te ir na dança”.
É difícil, claro, apagar décadas, séculos de uma noção que força e poder = condução, quando, na dança, estão os dois a tentar atingir o mesmo objectivo: uma dança maravilhosa.
O conduzir e o seguir não deveria ser um jogo de poder. Afinal, como dizemos aqui no Xiado, qualquer pessoa deve poder “Ser quem quiser na pista de dança”.
Na sala de aula/workshop
Na pista de dança
Digam-nos o que acham! Concordam com estes pontos? Têm outros a adicionar?
Dêem uma olhada nesses projectos que tocam bastantes destes pontos:
https://www.facebook.com/dancadesalaocontemporanea/
https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/abrace/article/view/3999/4099
We want everyone to fall in love with their dance clothes and shoes! We produce our own clothes, made in Portugal with love, but we also try to find the best products from other brands for you forrozeir@s out there!
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Acho que os homens quando fazem de conduzidos precisam desenvolver a sua capacidade de ler a energia as mudanças de peso, a entrega ao parceiro e o equilibrio. Nas mulheres, quando conduzem, o desafio maior talvez seja a gestão do espaço, avaliar as condições do ponto futuro e do que se passa nas suas costas, porque normalmente, exceptuando as dançarinas avançadas, não se preocupam com isso.